quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO COMEMORA 104º ANIVERSÁRIO (2004)

Missionario Salomão Luiz Ginsburg, o fundador da Convenção Batista de Pernambuco, em 30.12.1900.

A CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO.
O CENTO E QUATRO ANOS CONGREGANDO AS IGREJAS DO SENHOR.

No dia 30 de dezembro próximo passado transcorreu o 104º (centésimo quarto) Ani- versário da Convenção Batista de Pernambuco. Sua organização ocorreu em 30 de dezem bro de 1900, no templo da Primeira Igreja Batista do Recife, reunindo as cinco Igre jas Batistas do Campo Pernambucano: PIB de Maceió (AL), PIB do Recife (PE), IB Cacho eira (PE), IB Goiana (PE) e IB Nazaré da Mata (PE), com o nome de UNIÃO DE IGREJAS BATISTAS LEÃO DO NORTE.
Em 30 de dezembro de 2000, transcorreu o Centenário de Organização da CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO, a primeira Convenção Batista estadual, data cara aos batistas pernambucanos e brasileiros, e agora, passado o 104º Aniversario, queremos registrar o fato, com dados da sua história, para recordação das gerações passadas e conheci- mento das novas.
As igrejas batistas, embora autônomas, sempre trabalharam em conjunto, o que motivou a criação de organismos de cooperação, a denominados de Convenção, o primei ro deles ainda no Século XVIII, na cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos.
No Brasil, ainda no limiar do Século XX, quando organizadas as primeiras igrejas batistas, foram criados os primeiros desses organismos de cooperação: (a) em 30 de dezembro de 1900, a UNIÃO BAPTISTA LEÃO DO NORTE (Convenção Batista de Pernambuco), no Recife (PE); em 16 de dezembro de 1904, a UNIÃO BAPTISTA PAULISTA (Convenção Batista de São Paulo), em Jundiaí, São Paulo ; em 5 de janeiro de 1907, a ASSOCIAÇÃO BATISTA FLUMINENSE (Convenção Batista Fluminense), em Aperibé, no Rio de Janeiro e em 1º de janeiro de 1905 a SOCIEDADE MISSIONARIA DO RIO DE JANEIRO . Coube, portanto, à CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO o privilégio de ser a pioneira entre suas irmãs dos 27 Estados brasileiros e do Distrito Federal.
A história da Convenção Batista de Pernambuco pode ser dividida em seis períodos: (1) 1900 a 1915 – UNIÃO BATISTA LEÃO DO NORTE; (2) 1915 a 1923 – CONVENÇÃO BATISTA REGIONAL; (3) 1923 a 1925 – CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA e CONVENÇÃO BATISTA REGIONAL; (4) 1925 a 1940 – CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA; (5) 1940 a 1973 – CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA e CONVENÇÃO BATISTA EVANGELIZADORA DE PERNAMBUCO; (6) 1973 a 2004 – CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO.

1. 1900-1914. OS PRIMÓRDIOS: A UNIÃO BATISTA LEÃO DO NORTE. Organizada em 30 de dezembro de 1900, realizou sua primeira assembléia no período de 30 de dezembro de 1900 a 1º de janeiro de 1901, no templo da Primeira Igreja Batista do Recife (PIB RECIFE), então situado na Rua da Aurora, por iniciativa do missionário Salomão Ginsburg, com o nome de UNIÃO BATISTA LEÃO DO NORTE. A primeira assembléia elegeu a diretoria assim composta: Presidente: Salomão Ginsburg (pastor da PIB RECIFE); Vice-presidente: João Borges da Rocha (pastor da IB de Nazaré da Mata); Tesoureiro: J. Marinho Falcão; 1º Secretário: Emilio Warwick Kerr (mais tarde pastor em S. Paulo); 2º Secretário: Arthur da Silva Lindoso (diácono da PIB RECIFE). A União Batista passou a reunir-se anualmente, em igrejas diferentes, para planejar e coordenar o trabalho das seis igrejas existentes e para momentos de fraterna comunhão entre os batistas do campo pernambucano (que incluía Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte).
Embora alguns que escreveram sobre os batistas em Pernambuco, afirmem que a Convenção não se reuniu com regularidade, nossas pesquisas demonstram o contrário. Os registros encontrados comprovam realização das assembléias hospedadas pelas igrejas seguintes: (2) IB Nazaré da Mata (PE) (abril de 1901) ; (3) PIB Maceió (AL) (maio de 1904) ; (4) IB Ilheitas (PE) (abril de 1906) ; (5) IB Nazaré da Mata (PE)(abril de 1907) ; (6) IB Ilheitas (PE)(abril de 1908) ; (7) IB Nazaré da Mata (PE)(abril de 1909) ; (8) IB Limoeiro do Norte (PE)(março de 1910) ; (9) IB de Moganga (Siriji)(PE) (abril de 1911) ; (10) IB do Cabo (PE) (abril de 1912) ; (11) IB Gravatá (PE)(abril de 1914) . Temos o registro de doze assembléias de quinze anos realizadas, faltando localizar os registros das assembléias de 1902, 1903, 1905 e 1913. Em 1914 reuniu-se a última Assembléia da Convenção sob a denominação de União Batista Leão do Norte.
A União Batista Leão do Norte, a primeira Convenção Estadual organizada no Bra sil, pelos batistas, foi o embrião da Convenção Batista Regional, que congregou as igrejas batistas do Campo Pernambucano e se expandiu para incluir as Igrejas dos Estados da Paraíba, das Alagoas e do Rio Grande do Norte e deu origem às Convenções Batistas dos Estado de Pernambuco, de Alagoas e da Paraíba. Desta última, mais tarde se desmembrou a do Rio Grande do Norte.

2. 1915-1923: A CONVENÇÃO BATISTA REGIONAL. A União Batista Leão do Norte em muito contribui para o desenvolvimento do trabalho campo e para fortalecer os laços de fraternidade entre os membros e obreiros da várias igrejas. O crescimento do campo e a organização de igrejas nos estados vizinhos, vinculados ao campo missionário de Pernambuco, a levaram a mudar o nome para Convenção Batista Regional, mais coerente com a sua expansão. Assim, na Assembléia de 1915 , realizada no templo da Igreja Batista do Cordeiro, no Recife (PE), essa mudança foi concretizada. Essa Assembléia contou com a presença dos missionários Ernest Alonzo Jackson e James Leonel Downing, que serviam no campo baiano. A Convenção Regional foi o espaço onde os obreiros nacionais desenvolveram o seu potencial de organização e passaram a ter voz mais ativa na condução dos destinos do trabalho batista no Estado.
Os relatórios dessa assembléia convencional (1915) mostram que nas cinco igrejas da capital (PIB do Recife, Cordeiro, Gameleira, Torre e Feitosa), tinham sido realizado no ano convencional cento e quarenta e dois (142) batismos, enquanto no campo o total foi de trezentos e quarenta e dois (342). Registra ainda que o Seminário Batista de Pernambuco, vinculado à Convenção local, matriculou dezessete alunos. Cabe lembrar que o mundo estava em plena I Guerra Mundial, com graves conseqüências econômicas para o Estado, para o país e para o mundo ocidental, em especial para os Estados Unidos e Europa. O Recife, grande centro econômico e portuário, também sofria os efeitos da guerra.
As outras assembléias da Convenção Regional foram realizadas nas datas e locais seguintes: (1) PIB de Maceió (20-23 de abril de 1916); (2) IB Torre (04-06 de abril de 1917); (3) IB Vila Natan (Moreno) (abril de 1919); (4) IB Cordeiro (abril de 1921). Em 1921 diminuiu o território da Convenção Regional, com a organização da Convenção Batista Alagoana, por iniciativa do missionário John Mein, quando as igrejas daquele Estado se desligaram do campo pernambucano. Em 1924 a Paraíba e o Rio Grande do Norte constituíram a Convenção Batista Paraibana, sob a direção do missionário Arnald Edmund Hayes.

3. 1923-1925: A CONVENÇÃO BATISTA REGIONAL E A CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA. Exaltados os ânimos e eliminados das igrejas dominadas pelos radicais os missioná- rios norte-americanos e aqueles que os apoiavam. E além de estarem os radicais na direção da Convenção Regional e do jornal O Batista Regional, as Igrejas que acei- taram permanecer em cooperação com a Missão norte-americana, cujos integrantes eram denominados construtivistas, decidiram criar um novo organismo de cooperação, para congregar as igrejas (Afogados, Capunga, Caruaru, Ilheitas, Lagedo, Limoeiro, Olinda, Vermelho, Zumbi). A sua Assembléia organizadora foi realizada nos dias 1 e 2 de novembro de 1923, na Igreja Batista da Capunga, quando elegeram a diretoria seguinte: Presidente: José Paulino Raposo Câmara; Vice-presidente: Leslie Leonidas Johnson; 1º Secretário: Acácio Vieira Cardoso; 2º Secretário: Stella Câmara; e Tesoureiro: Arnald Edmund Hayes.
Cabe repetir uma observação. Embora alguns autores registrem que, no primeiro momento do cisma, apenas as Igrejas Batistas de Olinda e de Lagedo apoiaram os missionários, enquanto as demais teriam ficado com a Convenção Batista Regional, Isabel Spacov, no livro IGREJA BATISTA DA CAPUNGA, documentando sua formação, demonstra, por documento (a ata de fundação da IB da Capunga) que cinco Igrejas permaneceram apoiando os missionários: a Igreja Batista de Olinda, dirigida por Benício Leão; as Igrejas Batistas de Vermelho e de Limoeiro, pastoreadas por Manoel Olimpio de Holanda Cavalcanti; as Igrejas Batistas de Ilhetas e de Lagedo (Goiana), pastoreadas por Leônidas Lee Johnson. Estas igrejas que se fizeram presentes no concilio de organização da Igreja Batista da Capunga.
A Convenção Batista Brasileira (CBB) interferiu na situação e foram feitas firmadas novas bases de cooperação entre a missão e as igrejas, que satisfez a maioria delas (1925), encerrando-se o movimento radical para a maioria absoluta dos batistas.

4. 1925-1940: A CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBUCANA. O período de progresso da prega ção do Evangelho de Cristo em direção ao Agreste e o Sertão do Estado. O cristia- nismo batista em Pernambuco tinha tido sua matriz na cidade do Recife, com a orga nização da PIB do Recife, atingido para o norte a Cidade de Goiana, na divisa com a Paraíba, para o sul Palmares, na divisa com o Estado de Alagoas e havia penetrado um pouco para o interior, atingindo as regiões da mata norte e mata sul, sempre seguin do os caminhos das ferrovias: Nazaré da Mata, Timbauba, Ilheitas (Goitá), Limoeiro, Boa Jardim, entre outras. Todavia as Boas Novas da Salvação não haviam ainda ultra passado cem quilômetros do litoral, exceto em Caruaru (1923).
Nesse período a mensagem do Evangelho vai atingir Rio Branco (hoje Arcoverde, em 1926), Garanhuns (1929), chegando até a metade do território do Estado. A partir do Agreste e do Sertão do Estado, chega até Serra Talhada, Salgueiro, Floresta, Triunfo, ficando, todavia, onze igrejas fora da Convenção Batista Pernambucana. No final desse período essas igrejas que haviam se desligado da CBB e ingressado na Associação Batista Brasileira se filiaram à Convenção Batista Pernambucana, encerrando o episódio.

5. CONVENÇÃO BATISTA EVANGELIZADORA DE PERNAMBUCO E CONVENÇÃO BATISTA PERNAMBU- CANA. Em 1940 ocorreu uma nova cisão, passando a haver no Estado, novamente, duas convenções: a Convenção Batista Pernambucana e a Convenção Batista Evangelizadora de Pernambuco. Essa situação difere em muito da anterior porque, embora divergindo no tocante às diretrizes a serem implementadas no trabalho, entre os dois grupos, igrejas e individuas havia um relacionamento fraterno, com troca de cartas de transferência de membros, obreiros de igreja de um grupo eram aceitos para pastorear igrejas do outro grupo, até que, finalmente, terminou a separação, com a realização de uma Convenção conjunta, onde as duas convenções existentes se fundiram num único organismo que se denominou de Convenção Batista de Pernambuco (1973).
A Convenção Batista Evangelizadora de Pernambuco foi formada, de inicio, por vinte e quatro (24) igrejas e nos meses seguintes à sua fundação outras vinte igrejas resolveram se filiar à Convenção Batista Evangelizadora de Pernambuco: Afogados, Aliança, Araras, Barreiros, Cabrobó, Campo Alegre (Limoeiro), Caruaru, Cavaleiro, Feitosa, Goiana (1ª), Ilheitas, Nova Ipiranga, Remédios, Ribeirão, Rua Imperial, Santa Maria, Tegipio, totalizando quarenta e quatro igrejas filiadas à essa convenção.
As Convenções Pernambucanas e Evangelizadora prosseguiram no trabalho de cooperação com a Convenção Batista Brasileira, trocando cartas e a partir de 1960 começaram a se aproximar. Na época da Campanha Nacional de Evangelização, em 1965, houve um primeiro contato entre as duas Convenções, quando elegeram em conjunto, uma comissão comum para a promoção da Campanha no Estado. O fato repercutiu na denominação, culminando com a proposta de fusão das duas Convenções, em 1971.

6. 1973 – 2004: CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO. As duas convenções: a Convenção Batista Pernambucana, presidida por Ernani Jorge de Araújo (pastor da IB Água Fria); e a Convenção Batista Evangelizadora de Pernambuco, presidida pelo pastor Merval de Sousa Rosa (pastor IEB de Casa Amarela) – deliberaram, no ano de 1971, estudar a possibilidade de se fundirem num único organismo de cooperação, unindo forças em prol do Reino de Deus. Com essa finalidade constituíram cada uma, uma comissão de cinco membros, que se reuniram e constituíram a Comissão Paritária, que se subdi vidiu em duas sub-comissões: de Reestruturação e Jurídica. A Comissão Paritária, através de suas sub-comissões Jurídica e de Estruturação, trabalhou ativamente, apresentou projetos, explicações, estudos, emendas e deu novas redações. O mesmo ambiente de excelente entendimento permaneceu constante. E no dia 2 de novembro de 1973, no templo da Igreja Batista da Capunga, as duas Convenções se fundiram num único organismo – a CONVENÇÃO BATISTA DE PERNAMBUCO. No dia 2 de novembro de 1973, às oito horas e trinta minutos começava a ser escrita a primeira ata da Convenção Batista de Pernambuco. Apresentaram declarações solenes, preces de gratidão e de alegria foram Trono da Graça do Deus Criador e do seu Filho Jesus Cristo, nosso Salvador. Alegria, abraços, lagrimas de contentamento. A Diretoria eleita expressou os sentimentos que a todos dominava e representou o reconhecimento dos convencionais à aqueles que trabalharam para reunir os batistas do Estado num único organismo cooperativo: Pastor Merval de Souza Rosa, Presidente; Pastor Ernane Jorge de Araújo, 1º Vice-presidente; Pastor Israel Dourado Guerra, 2º vice-presidente, Pastor Elias Teodoro da Silva, 1º Secretário, Professora Daisy Santos Correia de Oliveira, 2º Secretária. No sábado, dia 3, depois das 22 h foram encerrados, com grande alegria e emoção, os trabalhos dessa Assembléia histórica da Convenção Batista de Pernambuco, que reuniu novamente os batistas do Estado de Pernambuco .

Agora em Pernambuco havia uma só e grande Convenção Batista com duzentas igrejas e um orçamento de Cr$ 22.000,00. Nenhuma das igrejas das extintas Convenções ficou de fora do novo rol convencional. Os batistas de Pernambuco fundiram seus nomes, seus esforços, seu patrimônio, perpetuaram seu ideais, aumentando suas forças para a realização da vontade do Mestre. O casamento fora feito, usando a expressão de Ramos André, pelo Pastor Nilson do Amaral Fannini, Presidente da Convenção Batista Brasileira, quando pregou o sermão oficial da união, na sexta-feira à noite e, lendo Jeremias 18:1-6, fez uma aplicação excelente e feliz à nova Convenção, e ao final da mensagem os mensageiros presentes deram-se as mãos enquanto cantaram “benditos laços são, os do fraterno amor• ".

Hoje, cento e quatro anos depois, a Convenção Batista de Pernambuco tem por Pre- sidente o Diácono Dr. Lincoln Pereira de Araújo e como Secretário Executivo o Pr. João Batista Januário dos Santos e como Coordenador de Evangelismo e Missões o Pr Edvan Tavares Pessoa.

A Convenção Batista de Pernambuco (CBPE), nas suas diversas fases, desde a sua fundação, passando por momentos de dificuldades e de harmonia, vem agregando e con- gregando as igrejas batistas do Estado e passados cento e quatro anos daquele momento inicial, o povo de Deus chamado Batista permanece unido em torno da sua Convenção Batista de Pernambuco, tendo ultrapassado o centenário de organização do trabalho cooperativo batista para a Glória do Senhor. Amém.

Francisco “Bonato” Pereira da Silva
Mestrando de Teologia, STBNB (Área: História).
Pesquisador de História dos Batistas em Pernambuco.
fbonato52@hotmail.com

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